#Bate e volta de Santander
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Castro Urdiales, Cantábria: o que ver
Castro Urdiales, Cantábria: o que ver
Sabe quando pesquisamos um lugarzinho para parar no meio do caminho? Assim encontrei Castro Urdiales, povoado da Cantábria, na Espanha. Com cerca de 30 mil habitantes, é um ótimo ponto de parada ou bate e volta em uma viagem na costa Norte da Espanha! Conto então aqui tudo sobre o que ver e fazer em Castro-Urdiales! Castro Urdiales é conhecida também como Flavióbriga, já que teve um assentamento…
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Ao vivo: À CPI da Covid, Hang confirma morte da mãe por Covid e fala que Prevent Senior errou em atestado de óbito
BRASÍLIA — O empresário bolsonarista Luciano Hang negou, nesta quarta-feira, à CPI da Covid que tenha omitido que a mãe dele, que morreu após contrair o novo coronavírus, tenha recebido remédios comprovadamente ineficazes contra o vírus. A resposta foi dada ao relator da comissão, senador Renan Calheiros (MDB-AL), que perguntou por que o empresário, dono da rede lojas Havan, tinha medido sobre o tratamento oferecido à mãe. Hang disse que, na verdade, lamentou o fato de ela não ter recebido tratamento preventivo, não tendo negado o tratamento precoce. Em um vídeo exibido pela comissão, após a morte da mãe, o empresário disse que não tinha dado o tratamento.
ASSISTA AO VIVO
Hang é investigado em diferentes linhas de apuração. Uma delas é a respeito da omissão da causa da morte no atestado de óbito de sua mãe, que morreu vítima do coronavírus após ser medicada com remédios do chamado kit-Covid.
Renan Calheiros rebateu a resposta dada pelo empresário.
— Nós temos muitos documentos comprobatórios — disse Renan.
— Não, vocês têm narrativa. Vocês não têm provas — reagiu o empresário.
Renan citou o vídeo em que ele aparece de algema e provoca CPI da Covid dizendo que isso é para caso os senadores não aceitem o que ele falar no depoimento. O relator perguntou se as mortes por Covid-19 eram uma brincadeira. Hang afirmou que fez apenas uso do humor e não quis afrontar a CPI. Omar Aziz disse então que essa era uma desculpa esfarrapada.
Outras linhas da investigação são o incentivo do empresário ao tratamento precoce, que é comprovadamente ineficaz, e ao negacionismo, por questionar a metodologia na contagem do número de mortos e por supostamente financiar blogueiros bolsonaristas propagadores de Fake News. Ele ainda deverá ser confrontado com informações da investigação do Ministério Público do Trabalho que mira num suposta pressão para que empregados da Havan votassem em Bolsonaro na eleição de 2018.
Hang disse que jamais forçou seus funcionários para votar em um candidato. No entanto, há um vídeo dele mostrando o oposto; a gravação foi o que originou o inquérito no MPT.
Suspensão e pedido de desculpas
O depoimento do empresário bolsonarista tem sido marcado por bate-bocas e muita interrupção por parte dos senadores governistas e da oposição. Por causa das discussões frequentes ao longo da sessão, o presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), suspendeu a oitiva por cerca de 40 minutos até que o advogado de Hang deixasse a sala por ter ofendido o senador Rogério Carvalho (PT-SE). Na volta da sessão, o advogado Beno Brandão pediu desculpas e disse que não houve intenção de ofender Carvalho. Com isso, foi permitido que ele continuasse na sessão.
Logo no início da sessão, o advogado do empresário lembrou que, apesar de ter sido convocado como testemunha, Hang foi incluído na lista de investigados na comissão. Assim, exerceu o direito de se recusar a assinar o termo em que se comprometeria a dizer a verdade.
A estratégia de Hang é usar o holofote proporcionado pela CPI para antagonizar principalmente com o relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL), um dos principais inimigos do presidente Jair Bolsonaro hoje. Isso foi visto logo na chegada do depoente ao Senado, rodeado de senadores governistas. Ele deu uma declaração de poucos minutos antes do começo da sessão e afirmou que chegou à comissão sem um habeas corpus e pediu para que o deixem falar.
— Com muita tranquilidade, com muita serenidade, com paz e amor no coração, com o peito aberto, sem habeas corpus. É muito importante. Eu acho que quase todo mundo que veio à CPI trouxe um habeas corpus. Desde o princípio eu avisava aos meus advogados: eu não preciso de habeas corpus. Nada melhor do que estar sentado na frente de um delegado, de um juiz, de um promotor, e ter a verdade ao seu lado — disse Hang.
O senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro, está presente na CPI, numa mostra da importância que o governo dá a este depoimento. O parlamentar costuma aparecer apenas a sessões consideradas relevantes para o governo e tem a tendência de incitar confusões para atrapalhar o andamento do colegiado.
No começo do depoimento do empresário bolsonarista, Renan Calheiros reclamou da figura do "bobo da corte" que bajula o rei e desvia a atenção dos reais problemas. Flávio, entre outros senadores governistas, reclamaram que o relator estava ofendendo Hang. A fala gerou bate-boca entre os presentes
Tumultos
O senador Rogério Carvalho reclamou do comportamento de Hang e disse que ele deveria se ater às perguntas. Ao reclamar novamente do empresário, o senador foi rebatido pelo advogado de Hang. Rogério Carvalho se irritou e pediu sua retirada por entender que ele estava desrespeitando um parlamentar.
Em razão das divergências sobre a ocorrência de ofensa ou não do advogado, o depoente ironizou:
— Chama o VAR. Foi gravado. Volta o vídeo.
Após o início do tumulto, Luciano Hang também mostrou alguns cartazes, como um que diz "não me deixam falar". Omar ordenou que ele os entregasse para a segurança da comissão. O presidente da CPI também determinou que apenas um advogado poderia ficar ao lado de Hang. A sessão acabou sendo suspensa por alguns minutos para acalmar os ânimos.
Antes, Omar Aziz já tinha reclamado de Hang:
— Eu na sua condição, que fica aqui cantando de bom galo, e alguns aqui pegando corda, eu levava minha mãe à lua. Não era à Prevent Senior não. Não venha aqui dar uma de mais honesto. O senhor não é mais honesto do que ninguém aqui. E não é mais trabalhador do que nenhum brasileiro. O senhor gera emprego, mas ganha dinheiro. Agora, quando foi acusado lá atrás de ser sócio dos filhos da Dilma, do Lula, coloca a estátua da liberdade na frente da loja. Esse é o patriota.
Senadores governistas disseram que ele tem liberdade para fazer isso. Em seguida, houve novo bate boca em razão da atuação do advogado de Hang.
A sessão está tumultuada, com várias interrupções, e o relator da CPI conseguiu fazer poucas perguntas. Alguns senadores de oposição, aliados de Omar Aziz na comissão, reclamaram como ele está conduzindo a sessão. Foi o caso de Otto Alencar (PSD-BA) e Jean Paul Prates (PT-RN).
O senador Fabiano Contarato (Rede-ES) reclamou da presença de um homem que estava gravando vídeo atrás dele falando mal da CPI e atrapalhando que ele pudesse acompanhar o depoimento. O homem foi identificado como sendo o deputado federal Daniel Freitas (PSL-SC).
— Vocês não tem uma prova do que estão falando.
Morte da mãe
Hang reclamou da exploração política da morte da mãe dele:
— É duro para mim ver a morte da minha mãe ser usada politicamente de forma vil e desrespeitosa. Tenho a consciência tranquila de que, como filho, sempre fiz o melhor para ela.
O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), rebateu:
— Na CPI, não usaram sua mãe politicamente. A primeira pessoa a falar que, se tivesse dado medicamentos do tratamento precoce, poderia salvá-la foi o senhor. Eu perdi minha mãe, mas não fui às redes sociais dizer isso ou aquilo.
Na sessão da quarta-feira da semana passada, Renan Calheiros perguntou a Pedro Benedito Batista Junior, diretor da empresa de saúde Prevent Senior, se a mãe de Hang foi internada com Covid-19 em um hospital da rede. Pedro Benedito confirmou que ela foi internada a pedido de Hang, mas disse que não poderia informar a doença sem autorização a família. Em vídeo publicado em rede social após a morte de sua mãe, Hang diz que ela havia chegado ao hospital "assintomática" e com 95% dos pulmões comprometidos. Ele sustenta que a sua mãe poderia ter sido salva se tivesse começado a tomar antes o "kit Covid" sem comprovação científica. A certidão de óbito, porém, não faz menção à doença.
— Um filho que utiliza dessa forma a sua mãe, trata com covid no hospital, com os medicamentos do tratamento precoce. E nós temos comprovação de que ele recomendou a médicos: olha, escondam que a minha mãe foi tratada com cloroquina para não desmerecer a eficácia do plano. Isso é uma coisa macabra, escabrosa, reprovável, repugnante sob qualquer aspecto — disse Renan na quarta passada.
— Filho desalmado, não é? — disse em seguida Otto Alencar (PSD-BA).
Contas no exterior
Em resposta ao relator da CPI, Hang disse que tem três contas no exterior, mas todas foram declaradas à Receita e são auditadas. O presidente da comissão explicou o motivo da pergunta: a CPI tem indícios de que ele usa tais contas para financiar fake news. Renan também questionou se a empresa já recebeu benefício fiscal dos governos federal, estaduais e municipais. Hang rodeou o assunto, mas ao fim disse que sim.
Ele também negou que a empresa tenha sido financiada pela BNDES, com exceção da compra de máquinas pelo Finame, uma linha de financiamento do banco de fomento. Ele afirmou que no ano passado, em razão da crise provocada pela pandemia, pegou empréstimos de bancos privados, como Bradesco, Itaú e Santander, mas não de bancos estatais.
Posteriormente, questionado de novo se a empresa já recebeu subsídios do poder público, ele disse não se lembrar. Em seguida, afirmou que deve ter recebido alguma coisa. Renan se irritou com a demora de Hang em responder a questão.
— Nós não estamos aqui para bater palma para doido. Estamos aqui para fazer perguntas — afirmou Renan.
O empresário também afirmou que, em 35 anos de empresa, trabalhou com bancos estatais. Perguntado se já operou com bitcoin, ele respondeu que nem sabia o que era isso.
Omar Aziz disse que ele já fez 57 operações com o BNDES. Hang contra-argumentou:
— A maioria delas para comprar equipamentos e máquinas e o terreno que comprei — disse Hang.
Segundo a versão dele, a Havan livrou o BNDES de um abacaxi ao adquirir o terreno em Franca. Segundo Hang, uma outra empresa tinha comprado o terreno financiado, mas quebrou. Em passagem pela cidade, o empresário disse ter gostado do imóvel e fechou negócio para adquiri-lo.
Fake news
Renan perguntou se ele já financiou fake news. Hang respondeu que, ao contratar serviços de publicidade na internet, não tem controle sobre que páginas recebem o anúncio.
O relator da CPI exibiu um vídeo da deputada Carla Zambelli em frente a uma loja da Havan dizendo que era da filha de Dilma. No vídeo, Carla faz referência ao nome da loja, Havan, similar a Havana, capital de Cuba.
— O mais interessante disso tudo é chamar Havan a loja, com uma estátua da liberdade do lado. Quer chamar a gente de idiota, né — disse Carla Zambelli no vídeo.
'Não sou negacionista'
O empresário disse não ser negacionista.
— Eu não sou negacionista. Nunca neguei ou duvidei da doença. Tanto que minhas ações pró-saúde não ficaram só no discurso. Mandei 200 cilindros de oxigênio para Manaus, no valor de R$ 1 milhão, respiradores, máscaras, camas, utensílios, ajudamos na reforma de UTI, e destinamos R$ 5 milhões para a área da saúde. Nunca fui contra a vacina. Tanto que disponibilizamos os estacionamentos das nossas megalojas como pontos de vacinação — disse Hang, acrescentando:
— Nunca fiz parte de gabinete paralelo. Nunca financiei fake news.
Ele disse que, até cinco anos atrás, era uma pessoa desconhecida, mas teve que se manifestar para negar boatos de que suas lojas seriam na verdade de filhos dos ex-presidentes petistas Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Para aumentar a ironia, uma das pessoas que propagaram tais boatos na época é a hoje deputada bolsonarista Carla Zambelli (PSL-SP).
'Bobo da corte'
Antes do depoimento, o vice-presidente da comissão, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou que o colegiado vai tratar Hang com respeito e de acordo com o que prevê a lei, mas enfatizou que o empresário também deverá se portar da mesma forma. A CPI não vai tolerar desacato.
— A CPI não tolerará desacato, não tolerará que, na condição de testemunha, se falte com a verdade — afirmou, informando que a presidência da comissão vai utilizar os mecanismos que o inquérito policial dispõe para isso.
Também em entrevista antes da sessão, Renan Calheiros comentou a informação dada pelo próprio Hang de que o empresário tentou entrar com uma algema no Senado, mas o objeto foi barrado.
— Nós já estamos acostumados com esses bobos da corte. Não será o primeiro nem o último — disse Renan.
Defesa do presidente
O líder do governo, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), entregou a Renan um parecer jurídico feito pelo pelo advogado Ives Gandra Martins e outros juristas para que eles opinassem se o presidente Jair Bolsonaro cometeu crimes no enfrentamento à pandemia. Ele afirmou que o teor do texto ainda será divulgado à imprensa.
Na terça-feira, Fernando Bezerra já havia dito que, entre outras coisas, o documento aborda questões como os limites da atuação do governo federal no enfrentamento da pandemia, em razão da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que garantiu a autonomia de estados e municípios para adotar medidas no combate à doença. Bolsonaro já disse várias vezes, de forma incorreta, que teve seus poderes limitados pelo STF. O que a Corte fez foi permitir que os estados e municípios possam enfrentar a pandemia dentro do âmbito de seus poderes sem sofrerem restrições do governo federal.
A lista de possíveis crimes que podem ser atribuídos ao presidente é extensa. A consulta aborda tanto crimes de responsabilidade, quanto os comuns, como, por exemplo, charlatanismo, exercício ilegal da medicina, estelionato, corrupção passiva, advocacia administrativa, e exposição de outras pessoas ao risco em razão de sua participação em eventos públicos com aglomeração. A consulta também trata da responsabilidade de Bolsonaro no colapso do sistema de saúde de Manaus no começo do ano, de negligência ou inoperância na aquisição de vacinas da Pfizer, de atos de improbidade administrativa, e de crimes contra humanidade.
Via: Jornal Extra
https://onilopolitano.com.br/ao-vivo-a-cpi-da-covid-hang-confirma-morte-da-mae-por-covid-e-fala-que-prevent-senior-errou-em-atestado-de-obito/?feed_id=27778&_unique_id=6154a8cfa66fe
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#PARTIUSANTANDER
Até porque preciso prestigiar quem paga minha bolsa! Hahaha!
A semana santa vai começar! Aqui na Espanha também é super importante. é até mais forte que no Brasil, porque eles param desde quinta-feira já para celebrações. Aliás, a semana santa aqui é como se fosse o carnaval no Brasil. É uma expectativa muito grande, pois é um feriado longo e com um clima agradável, logo depois do inverno, então as pessoas realmente planejam viagens e tudo mais.
Aproveitei essa semana e planejei um baita trabalho de campo de 11 dias. Vou ficar na cidade dos sensores, Santander, na Cantábria, norte da Espanha. Além disso vou fazer dois “bate-voltas”. Um para Bilbao e outro para Vitória Gasteiz, no País Basco, a região espanhola mais rica. Será, portanto, uma semana de muito trabalho, muita andança, muito aprendizado e de muita felicidade. É tão bom sentir prazer no que se faz!
Hoje, portanto, foi dia de organizar e arrumar tudo. Até o corte de cabelo foi colocado em dia (mó trairagem né Corage?! - mas quando voltar ao Brasil prometo ir aí cortar meu cabelo!). Hahahaha. Bom, deixa-me ir agora, porque amanhã de manhã tenho que pegar meu trem!
¡Hasta luego!
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Vendas de títulos de capitalização caem 7% no semestre com crise, mas produto ainda responde por mercado de R$ 31 bi
SÃO PAULO – Com uma ampla oferta que parte principalmente de gerentes de bancos e com produtos muitas vezes ainda confundidos com um investimento, o mercado de títulos de capitalização encerrou o primeiro semestre com uma queda de 7% na receita em relação ao mesmo período de 2019, somando R$ 10,7 bilhões.
Em linha com grande parte do mercado financeiro, o resultado foi prejudicado pela pandemia de coronavírus, em especial no mês de abril, diz Carlos Alberto Corrêa, diretor executivo da Federação Nacional de Capitalização (FenaCap).
Após o maior desempenho dos últimos cinco anos em 2019, com aumento de 13,8% nas receitas, para quase R$ 24 bilhões, a expectativa da FenaCap era de que o movimento se repetisse em 2020 – pelo menos até a chegada da Covid-19.
Agora, as estimativas estão sendo revistas em meio ao novo cenário. “Os números vêm demonstrando que o ponto de inflexão foi abril e temos visto uma retomada. Percebemos também uma queda nos resgates, com as pessoas mais atentas a como vai ser o dia de amanhã”, diz Corrêa.
Não é um investimento
Embora possam ser ainda comercializados com um apelo de retorno, títulos de capitalização não são produtos de investimento. Seu atrativo principal reside em sorteios de prêmios como casas, carros e dinheiro.
Os produtos funcionam como uma aposta na loteria. A diferença é que, ao fim de um período estabelecido, o detentor do título pode receber de volta parte do dinheiro pago, corrigido monetariamente.
Do montante pago em cada título de capitalização, uma parcela é destinada para financiar os sorteios e outra responde por uma taxa de carregamento, direcionada para a empresa de capitalização. A terceira fatia é destinada à constituição de um capital que poderá ser rentabilizado.
De acordo com a Superintendência de Seguros Privados (Susep), que regula o setor, o mínimo destinado à capitalização deve ser de 50%, enquanto as cotas de sorteio e os custos administrativos não podem ultrapassar 25% cada.
Mas mesmo que metade do valor investido esteja aplicado, o consumidor (o dono do papel) não deve esperar um retorno atrativo. Isso porque o rendimento de títulos de capitalização está atrelado à variação da Taxa Referencial (TR), zerada desde 2018. Para se ter uma ideia da perda do poder de compra do consumidor, a TR não bate a inflação há pelo menos 20 anos.
O que explica a demanda pelo produto?
Se o título de capitalização não oferece retornos atrativos e pode corroer o poder de compra ao longo do tempo, por que o produto ainda representa um mercado de R$ 31 bilhões no Brasil, correspondente à metade do estoque do Tesouro Direto?
Para Claudia Yoshinaga, professora de carreira na Fundação Getulio Vargas e coordenadora do Centro de Estudos em Finanças da FGV EAESP, a pressão exercida por profissionais ao recomendarem o produto (muitas vezes com apelos para superar suas metas de vendas) ainda exerce significativa contribuição para as vendas.
“Esse fator tem um peso bem importante, porque a recomendação parte de pessoas consideradas entendidas no assunto e, portanto, não pode ser ruim”, afirma.
Thiago Godoy, head de educação financeira da XP e também especialista em finanças comportamentais, argumenta que a falta de educação financeira no país também se faz presente nesse mercado, o que leva muitas pessoas a acreditarem que a capitalização é um investimento.
Por ser um produto muito antigo, diz, as pessoas o associam à segurança, como a poupança, então mantêm o dinheiro por inércia. “A pessoa tem medo de ir para o mercado financeiro e contratar investimentos que são, inclusive, mais seguros, como o Tesouro Selic.”
Na avaliação do especialista, a única forma de o produto perder o apelo é haver um aumento de informações e transparência. “Basta o brasileiro começar a se orientar de forma correta para saber que pode fazer muito mais com seu dinheiro.”
Títulos quase centenários
Criados na década de 1930 com o objetivo de oferecerem uma “solução de negócio com prêmios”, os títulos de capitalização podem ser adquiridos à vista (pagamento único) ou a a prazo (com pagamentos mensais).
Com prazos para a contratação que variam de 12 a 60 meses, o produto tem prazo de carência, período em que o capital fica indisponível ao titular.
Se decidir (e puder) sacar antes do prazo estipulado, o detentor do título ficará sujeito a uma multa. E cabe mais uma vez checar previamente as condições do produto para conferir a penalidade máxima, que pode variar conforme a modalidade selecionada.
De acordo com a Susep, o percentual de multa não pode ser superior a 10% do capital referente à cota de capitalização. Quanto menos tempo o consumidor ficar, maior será a perda.
“A penalidade é mal explicada. Mas quem resgata antes pode perder dinheiro, então a pessoa precisa ficar até o fim com o título”, alerta Godoy, da XP.
Modalidades
Atualmente, são cinco as modalidades do produto, que variam de acordo com o objetivo do cliente, isto é, se deseja dar maior ênfase ao sorteio ou à constituição de uma reserva. São elas: “tradicional”, “instrumento de garantia”, “filantropia premiável”, “popular” e “incentivo”. Confira na tabela abaixo:
Na tradicional, modalidade que tem a maior representação no segmento, respondendo por 75% dos títulos vendidos no primeiro semestre, o objetivo, além de concorrer a prêmios, é a formação de uma reserva, de maneira programada, por um prazo e valores predeterminados.
A FenaCap argumenta que a categoria é uma solução para as pessoas sem disciplina para guardar dinheiro, mas ela própria enfatiza que o produto não se destina a pessoas interessadas em “rentabilizar um capital ou que tenham por objetivo lançar mão de valores no curto prazo”.
Já na “filantropia premiável”, o consumidor participa dos sorteios, mas cede o direito de resgate da sua reserva para uma instituição filantrópica, como o Hospital de Barretos, Hospital do Câncer e Fanapaes.
Os títulos também podem ser utilizados para fins legais. É o caso do instrumento de garantia, que pode substituir a figura do fiador nas transações de aluguel de imóveis, por exemplo. Dessa forma, o valor do título entra como garantia contra a inadimplência.
Bradesco lidera as vendas
Entre as instituições financeiras que mais venderam títulos de capitalização no primeiro semestre, o topo do ranking é ocupado pelo Bradesco, com participação de 25% nas vendas, ou R$ 2,7 bilhões, segundo dados da Susep. O banco ainda é responsável pela maior fatia do estoque no mercado.
Na sequência entre as principais vendas em 2020 aparecem a Brasilcap, do Banco do Brasil, com uma fatia de 19,4% (R$ 2 bilhões), e o Santander, com receita de R$ 1,5 bilhão (14,5% do total), desbancando o Itaú, que havia ocupado a terceira posição nos primeiros seis meses de 2019.
Entre as 17 instituições financeiras que oferecem o produto no Brasil, a maior queda na receita partiu da SulAmerica, com baixa de 84% na primeira metade do ano. Isso porque a empresa vendeu, em fevereiro deste ano, sua carteira de capitalização das modalidades garantia locatícia e incentivo para a Icatu Seguros.
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Ibovespa cai 10,3% e volta a níveis de 2017 com coronavírus; dólar bate R$ 5,20 pela primeira vez na história
SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em forte queda nesta quarta-feira (18), em mais um dia histórico para a Bolsa, que teve seu sexto circuit breaker em oito pregões em meio ao pânico que toma conta dos investidores por conta da proliferação do coronavírus.
O principal índice da B3 caiu 10,35% a 66.894 pontos. Essa é a menor cotação desde o dia 10 de agosto de 2017, quando a Bolsa fechou cotada a 66.992 pontos. O volume financeiro negociado foi de R$ 58,9 bilhões.
Enquanto isso, o dólar comercial avançou 3,9%, a R$ 5,197 na compra e R$ 5,1976 na venda, atingindo nova máxima nominal histórica de fechamento. Na máxima do dia, a moeda chegou a R$ 5,23. O dólar futuro para abril sobe 2,84%, a R$ 5,154.
No radar, voltou a pesar a aversão ao risco por conta do coronavírus, que se sobrepõe a análises mais otimistas a respeito dos recentes pacotes de estímulos lançados por governos e bancos centrais no mundo inteiro para combater a pandemia.
Devido às medidas que são tomadas para conter o avanço da Covid-19, diversos bancos e casas de análise cortaram projeções para a economia brasileira. O Santander revisou de 2% para 1% sua expectativa para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020, enquanto o Credit Suisse foi mais radical e reduziu de 1,4% para 0% sua previsão. O UBS cortou sua projeção do PIB de 1,3% para 0,5%.
Em entrevista ao InfoMoney, Alberto Ramos, economista-chefe da área de pesquisas para a América Latina do Goldman Sachs, destacou que o banco está revisando as projeções no momento para o PIB do Brasil, anteriormente de 1,5%.
“Contudo, é bem provável que o crescimento do PIB brasileiro seja zero ou negativo em 2020”, destacando o baixo poder que o País tem para lidar com a crise do coronavírus.
No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 sobe 40 pontos-base a 4,97%, o DI para janeiro de 2023 avança 51 pontos-base a 6,01% e o DI para janeiro de 2025 tem alta de 60 pontos-base a 7,33%.
Vale lembrar que hoje é dia de decisão de juros do Comitê de Política Monetária (Copom). De acordo com expectativa mediana da Bloomberg, o Copom deve realizar corte de 0,5 ponto percentual na Selic e reduzir a taxa para 3,75%. A decisão sai após o fechamento dos mercados.
A segunda reunião do colegiado no ano ocorre em meio à pandemia global de coronavírus, o que leva o mercado a se mostrar atipicamente dividido sobre a decisão, com previsões entre os analistas pesquisados pela Bloomberg oscilando desde a estabilidade até corte de 0,75 ponto. Fora da pesquisa, alguns economistas, como Carlos Kawall, do Asa Bank, têm destacado que o BC poderia cortar até 1 ponto.
Os contratos futuros do petróleo operam em forte queda nesta quarta-feira, ampliando robustas perdas, em meio a temores sobre o impacto que a pandemia de coronavírus terá na demanda pela commodity e na economia global. O contrato WTI atingiu os US$ 25 pela primeira vez desde 2002.
Política
O presidente da República, Jair Bolsonaro, enviou na noite de ontem um pedido para o Congresso declarar estado de calamidade pública no Brasil, por causa da pandemia do coronavírus.
O Congresso deverá aprovar hoje o pedido. O estado de calamidade pública pedido pelo presidente deverá vigorar até o final deste ano e permitirá que o governo federal exceda o limite de gastos fixado na Lei de Responsabilidade Fiscal.
Coronavírus no Brasil
O ministro da Saúde, Luiz Mandetta, traçou um possível quadro dramático da pandemia do coronavírus nos Estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais. Mandetta disse em entrevista à Folha de S. Paulo que a infraestrutura de saúde dos dois estados, que já atravessavam grave crise fiscal antes mesmo da chegada do Covid-19, é muito frágil e os pacientes poderão migrar para o sistema de saúde de São Paulo.
Noticiário corporativo
Várias empresas da indústria e do comércio, como Minerva (BEEF3), Suzano (SUZB3) e Multiplan (MULT3) anunciaram ontem à noite que liberaram home office para funcionários das áreas administrativas, deram férias coletivas ou reduzirão os horários dos funcionamentos das operações comerciais, por causa da pandemia do coronavírus no Brasil.
Já nos negócios, a Brasil Properties (BRPR3) anunciou na noite de ontem que recomprará quatro milhões de ações ordinárias, em um programa que se estenderá a 2021.
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Impacto do Coronavírus nas Ações da Bolsa de Valores
Entenda nesse artigo como o coronavírus está impactando as bolsas de valores do mundo todo e quais são as perspectivas para o mercado financeiro e a economia. Com a rápida disseminação do coronavírus para além das fronteiras asiáticas, o mercado financeiro aumentou seu grau de incertezas quanto ao futuro da economia global. O vírus vem se alastrando e já atingiu países como a Coreia do Sul, o Irã, a Itália e o Brasil, com seu primeiro caso confirmado na última terça-feira. Roberto Castello Branco, presidente da Petrobras (PETR4), explicou o que já sabemos: Os mercados antecipam os efeitos na atividade econômica. O Ibovespa reagiu ao surto do vírus despencando 7% na quarta-feira, maior queda na bolsa desde o fatídico Joesley Day. Será que há motivos suficientes para entrarmos em pânico? Leia até o final para entender os desdobramentos dos últimos acontecimentos e saber a opinião dos especialistas do mercado quanto a o que deve ser feito neste momento. Banner will be placed here
Quedas nas Bolsas Mundiais
Com a B3 fechada até a manhã de ontem (quarta-feira) por conta do feriado de carnaval, foi possível criarmos expectativas sobre quais seriam os impactos em nossas ações observando as reações das bolsas ao redor do mundo. Na quarta-feira, o Xangai Composto, principal índice de ações da China, chegou a ter variação negativa de 0,83%. Apesar disso, fechou com leve de alta de 0,31% devido aos estímulos do governo na economia doméstica, como injeção de liquidez e encorajamento ao crédito. Por outro lado, índices acionários do Japão, como o Nikkei, e da Coreia do Sul, como o Kospi, se mantiveram em queda. Na terça-feira, o Centro de Controle de Doenças e Prevenção dos Estados Unidos (CDC) apontou o risco de pandemia gerado pela difusão do coronavírus. Com isso, o índice Dow Jones, da bolsa de valores de Nova York, fechou a quarta-feira com variação negativa de 3,84% se comparado ao seu patamar na abertura do pregão de terça feira. Além dele, os índices Standard & Poor's 500 (S&P 500) e Nasdaq Composite seguiram o mesmo caminho com quedas de 3,77% e 3,23%, respectivamente. Esse fator também alarmou os investidores das bolsas de valores europeias. Os índices das bolsas de Paris, Milão, Frankfurt e Londres apresentam, nesta quinta-feira, as seguintes quedas em relação a seus valores de abertura na terça-feira: Paris (CAC-40): - 5,03%;Milão (Ftse/Mib): - 1,54%;Frankfurt (DAX-30): -5,17%;Londres (FTSE 100): -3,70%.
Alta do Dólar
Desde sexta-feira, os investidores vêm se mostrando mais cautelosos com suas aplicações, buscando opções mais seguras como o ouro e os títulos do tesouro americano (treasuries), por exemplo. Com esse movimento migratório da renda variável à renda fixa, percebe-se uma alta do dólar. Nesta quinta-feira, a moeda norte-americana bate em R$ 4,50, atingindo um novo recorde de valor nominal. Na tentativa de conter a aceleração na valorização da moeda, o Banco Central vem, desde ontem (quarta-feira), pouco antes do início do pregão às 13h, leiloando contratos de swap cambial. O mercado espera que, assim como Banco do Povo da China, o Federal Reserve (FED) e o Banco Central (BCB) venham a reduzir suas taxas de juros básicas. Esse fator deve aliviar o susto nas bolsas de valores. Isso se explica pois, com juros menores, os investimentos em títulos públicos se tornam menos atraentes e a economia tende a se aquecer, com estímulo à produção e ao consumo. No entanto, pode-se dizer que as autoridades norte-americanas ainda se mostram tranquilas em relação à situação do coronavírus. Larry Kudlow, diretor do Conselho Econômico Nacional da Casa Branca, afirmou que "O vírus ainda não provocou interrupções em fornecimento da cadeia produtiva do país". Kudlow ainda disse que “Os EUA podem evitar uma recessão se houver impacto global na economia”. Em seu Twitter, Trump afirmou que o mercado de ações está começando a lhe parecer muito bom. O presidente norte americano também alegou, em entrevista coletiva, que a imprensa está descrevendo a situação pior do que ela realmente é, causando pânico no mercado. Além do dólar, outro ativo de menor risco está chamando a atenção dos investidores: o ouro. Após salto na segunda-feira, o valor do metal vinha recuando no últimos dois dias. Contudo, nesta quinta-feira, ele mostra novo movimento de alta, chegando aos US$ 1.690,00 por onça-troy, unidade de medida de metais equivalente a aproximadamente 30 gramas. A explicação para isso está na declaração de uma autoridade da Food and Drug Administration, agência reguladora de medicamentos e alimentos nos Estados Unidos. Peter Marks disse: Para todos os efeitos, acho correto dizer que estamos à beira da pandemia. Isso definitivamente vai acontecer? Não, mas há uma preocupação significativa, já que da noite para o dia temos casos em seis continentes.
Queda do Ibovespa
Desde o início da epidemia, há aproximadamente um mês, as exportadoras brasileiras de commodities tiveram seu valor de mercado reduzido em R$ 47,709 bilhões. O motivo disso é que Brasil tem a China como principal cliente de suas exportações. Em 2019, por volta de 30% de tudo o que exportamos teve o país asiático como destino. Somente nos primeiros 16 dias de fevereiro, as vendas de automóveis no varejo chinês caíram 92%. Não só a demanda por carros como também sua oferta está "parada". Com isso, o preço do minério de ferro permanece em queda. Assim como o preço do minério de ferro, ao da soja e do petróleo registram quedas. Estas commodities representaram 78% das vendas externas brasileiras no ano passado. Além de exportarmos grandes quantidades de matéria prima aos chineses, também importamos insumos de lá para a fabricação de produtos como medicamentos e eletroeletrônicos. Com a paralisação das fábricas que lá ocorre, esses materiais estão se tornando cada vez mais escassos. Todos esses fatores levam os especialistas a estimarem menor crescimento econômico para o Brasil, assim como no mundo todo. No Boletim Focus, relatório que resume as projeções do mercado para a economia, a expectativa de crescimento do PIB baixou pela segunda vez consecutiva. Há 4 semanas, esperava-se que o Brasil viria a ter 2,31% de crescimento no PIB. Na última semana, esse valor baixou para 2,23%, e hoje se encontra em 2,20%. Na última ata do Copom, a questão do coronavírus foi observada e os integrantes informaram que alterações na política monetária dependerão de fatores como a magnitude disso na economia mundial e da reação do mercado financeiro. Falando em mercado financeiro, já vínhamos observando resultados negativos atrav��s dos ADRs de empresas brasileiras nas bolsas estrangeiras. Os ADRs (American depositary Receipt) da Vale registraram uma das maiores quedas na última terça-feira (24), tendo uma variação de -9,63%. Os papéis da Petrobras, por sua vez, recuaram 9% e os da Gerdau 8,22%. Entre as empresas com papéis listados na bolsa de valores de Nova York que também obtiveram perdas estão a Suzano, a Usiminas e a Embraer. No Brasil, as ações ordinárias da Vale (VALE3) apresentaram queda no último mês de 12,53%, as preferenciais da Gerdau (GOAU4) 14,89% e as ordinárias da Companhia Siderúrgica Nacional (CSNA3) 17,67%. A Petrobras (PETR4), por sua vez, teve queda menos expressiva de 9,17% (PN). Pedro Galdi, analista da Mirae Asset, afirmou ao Estadão que empresas como a Vale possuem grande margem de lucro, e quedas nos preços como as que vêm sendo observadas não devem gerar grandes problemas. “O que atinge mais a ação é a aversão ao risco generalizada, uma vez que os investidores estrangeiros saem primeiro das blue chips.” Menores que as perdas das exportadoras brasileiras, mas ainda significantes, foram as de bancos como o Itaú e o Bradesco. Suas quedas em relação a janeiro foram de 6,51%, 9,42%, respectivamente. Os papéis do Santander, apesar de recuarem 8,92% desde a semana passada, acumulam alta de 4,14% no último mês. O setor aéreo é o que mais vêm sofrendo na bolsa de valores brasileira, tendo em vista as restrições de viagens impostas pelos governos. Se comparamos suas cotações com as do dia 27 de janeiro deste ano, as ações preferenciais da Azul e da Gol registram queda de 21,24% e 22,1%, respectivamente. Com todas essas quedas geradas pelo pânico dos investidores, o Ibovespa obviamente despencou. O índice fechou a última sexta feira em 113.681,42 pontos. Após o feriado de carnaval, iniciou a quarta-feira em queda de 5,7 mil pontos, refletindo os efeitos da disseminação do coronavírus para além das fronteiras chinesas e da confirmação do primeiro caso do vírus no Brasil. O índice fechou o dia em queda de 7% (105.718 pontos), tendo todos seus papéis caindo abaixo de 2,5%. No momento, ele ainda opera em queda, porém menos brusca. Outro fator que também impacta o índice da Bolsa de Valores é o a crise institucional entre os poderes Executivo e Legislativo. A instabilidade se dá pelo vazamento da informação de que o presidente Jair Bolsonaro vinha repassando mensagens de WhatsApp que apoiavam manifestações contra o Congresso no dia 15 de março. Assim como o Ibov, o IFIX também caiu. Sua mínima negativa na quarta-feira foi de 2,43%, mas fechou o dia em - 1,58%, refletindo a diferença de volatilidade que tem dos índices acionários.
Conclusão
O mercado está, de fato, antecipando os efeitos do surto do vírus. De qualquer maneira, esses fenômenos se repetem e por isso é importante que estejamos preparados, tanto emocionalmente quanto com reservas estratégicas. Warren Buffet afirmou à rede de TV CNBC que, apesar do surto de coronavírus ser algo assustador, as ações continuam sendo boas opções para investidores com foco no longo prazo. Buffet ainda declarou que não irá se desfazer de suas participações: Se você olhar para a situação atual, obtém mais dinheiro em ações do que em títulos. Axel Christensen, estrategista-chefe de investimento na América Latina da BlackRock, afirmou que o principal aspecto que gera as volatilidades no mercado são as cadeias produtivas cada vez mais interligadas, e não o número de casos da doença. Christensen também disse: Ao analisar experiências passadas, como a do SARS, vemos recuperações econômicas em forma de “V”, um padrão esperado também para esta vez. Sendo assim, devemos nos manter atentos aos movimentos do mercado mas não é preciso entrar em pânico. Ainda vale lembrar que, dependendo do ativo, pode ser que valha pena aproveitar o momento de preços baixos para realizar mais aportes, inclusive em fundos imobiliários. Fernando Ferreira, estrategista-chefe da XP Investimentos, disse ao Valor Econômico que a corretora projeta um Ibovespa em 140 mil pontos até dezembro. Isso representa um potencial de lucros de 35% em relação ao nível atual, que é de 103.671 pontos. Como a sua carteira reagiu aos últimos acontecimentos? Read the full article
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12 a 19 de fevereiro
12 de fevereiro
Saí na estação Trianon-MASP para ver um ato contra a nomeação de Moraes, chamado no Facebook por um grupo chamado Direita Unida. Tinha umas mil confirmações de presença. Fiquei interessado em saber como a consolidação de Temer e do velho PMDB no poder vem impactando a direita e ver quais as discussões e pautas do momento nesse campo. Eram 10h.
Vi uma fila imensa logo na saída, mas era algum evento no edifício Asahi, acho que ligado a algum youtuber. Em frente ao MASP, ninguém com cara de protesto. Além dos passantes normais de domingo, um grupo de uns 50 moços de bicicleta tinham se reunido lá. Esperava E, que se demorava, e decidi dar uma volta.
Na esquina da Augusta, vi uma concentração carnavalesca, umas 50 pessoas ao redor de um emissor de som. Algumas camisetas do grupo: “Primeiramente, a cidade é nossa”, “Ministério dos Cortes Sociais”, e outra “Ministério das Viagens Sem Volta”. Havia algo de levemente estranho naquele ajuntamento, em contaste com as mensagens políticas. Depois, E apontou o estandarte do grupo e matou a charada: “é um bloco para crianças, veja o nome”. Era o bloco “Baixinho Augusta: apavora mas não assusta. Desde 2017”. De fato, tinha muitos jovens casais com seus bebês.
Ao lado, funcionava a usual ginástica aeróbica do Santander. Tem algo de evangélico nesse tipo de exercício: o sorriso fixo da louvação, a coreografia militarizada e reiteração dos gestos do oficiante. Não é à toa que o Padre Marcelo era instrutor de ginástica antes de ser padre e seu primeiro CD chamar-se precisamente “Aeróbica com Deus”.
Pouco depois chegou E e demos juntos mais um giro, pois nada acontecia em frente ao MASP. Ele apontou que Dória removeu os vendedores ambulantes da avenida, muitos deles hippies que vendiam artesanato.
Certos de que o tal ato não ia ocorrer, agora umas 11h, despedimo-nos e combinamos de nos encontrar lá de novo às 16h. Havia um outro ato anti-Moraes, desta vez chamado pela esquerda. Parece que eram pessoas avulsas e não movimentos ou coletivos.
Li hoje um artigo que sustenta que quem quer o fim da Lava Jato é… a Lava Jato! O autor acha que a escolha de Moraes contempla tanto a Moro quanto a Temer e ao golpe, e que assim será possível direcionar a operação para um único desfecho comum: a prisão de Lula. O tratamento servil que Moro dispensou a FHC em seu testemunho é prova que o PSDB não tem nada a temer e que a operação nunca vai chegar a eles. Melhor para todo mundo se acabar logo.
Moreira foi mantido em seu novo cargo pelo STF, mas sem foro privilegiado. Jeitinho que teria caído bem para Lula também.
Voltei às 16h e caminhei a partir da Consolação em direção ao Museu. A avenida agora bem mais cheia. O bloco na esquina da Augusta já tinha saído, mas a ginástica continuava. Em frente ao MASP, muita gente, mas não identifiquei de pronto os manifestantes.
Vi um hipnotista que, no meio de uma roda de curiosos, hipnotizava duas adolescentes. Olhei um pouco mas logo cansei.
Saí fora e vi, ao lado, um cartaz preso a uma bicicleta: “Um $TF sob medida para o PSDB/PMDB”. Reconheci o homem do chapéu que vi outras vezes em movidas de rua. Eram umas 5 pessoas ao todo naquele momento, alguns com camisetas Fora Temer! Um menino adolescente trazia uma bandeira do PT às costas, por cima de sua camisa da CBF. Cartazes impressos em folhas de A4 traziam mensagens do tipo: “STF com moral, e não com Morais”. Uma senhora tinha uma faixa verde e amarela “Fora Temer!”. Achei que eram na maioria homens e mulheres de 40-50, além de um outro jovem.
Foram chegando mais pessoas, e deu para notar que há certa ressonância diferente hoje na chamada Fora Temer!. Mas logo colou um senhor com camisa de bandeira do Espírito Santo e hostilizou o grupo. Pouco depois um coxinha jovem de camisa azul dentro da calça veio gritar também. O pessoal foi confrontar e teve muito bate-boca. O coxinha jovem cantava a música do “Chora petista, bolivariano, a roubalheira do PT está acabando”. Aos poucos, os coxinhas foram empurrados para a ilha central e depois mais para mais longe. Tudo durou uns 20 minutos e deu uma acendida no protesto. Juntou mais gente e agora éramos uns 50.
Mas não foi edificante. As discussões gritadas eram diálogos de surdos. “O Moro vai prender o Lula”, “Vocês votaram no Temer”, “Comunista!”. “Fora Temer!”, “Golpista!”.
Tive a sensação de que, apesar do noticiário atual, a polarização do ano passado não se reconfigurou em novas pautas. Por um lado está claro que o PT tirou o mico preto e vai ser o único atingido pela Lava Jato. Até o PIG estranha as penas leves dos delatores. Mas, por outro lado, o campo petista parece não ter conseguido ainda evoluir na avaliação e formulação de novas posições. O partido e sua militância são como um tatu enrolado, paralisado em auto-defesa. Está parado no modo reiteração.
Isso tudo me veio como um raio quando um menino de 14 anos, coxinha, discutia com um grupo de senhoras petistas. Ele era muito esperto e seu coleguinha filmava tudo ao celular. Ele conseguia, à maneira Pânico na TV, confundir e driblar os argumentos delas. Ele era muito impertinente e suas pegadinhas era primárias. Ele dizia: “vocês doutrinam as crianças”. Uma senhora respondeu: “mas os seus pais também te doutrinam”. Ele: “Mas eu não tenho pais! Sou adotado!”. E por aí foi. Mas me deu tristeza de ver que nossos argumentos estão tão gastos e previsíveis que até um pré-adolescente dá olé na militância. O menino certamente postou os vídeos que fez.
Desejo muito que essa fase passe logo, está insuportável.
Em frente ao MASP, reunidas as pessoas de novo, tentaram queimar uma bandeira dos EUA, mas o tecido não ardeu.
Chegou E e fomos tomar uma Seleta e água com gás num boteco da Pamplona. Eram 17h. Na esquina, um grupo militarista tinha um microfone e irradiavam um locutor que pregava a intervenção militar. Ele defendia a “intervenção popular”, que era um conceito proposto por um jurista X, que citou. Esta ação popular deveria preparar a intervenção militar propriamente dita. Mas ele mesmo lamentou que o exército “não se mexe”. Outro locutor dizia que só há uma religião verdadeira, que é o cristianismo. Dizia também “que está tudo arrebentado pela corrupção”.
Retornamos ao MASP às 18h havia novas pessoas. Reconheci o médico J, que esteve em frente ao Sírio Libanês. Conversei um pouco com as pessoas lá. Uma delas era C, que trabalha na indústria do telemarketing. Contava das condições insalubres e cruéis desse tipo de trabalho. Dizia que o assédio moral era intenso, a força de trabalho muito jovem e precarizada. Contou que há mais de um milhão de empregados no telemarketing e uma rotatividade muito grande. Ela era do sindicato que tentava proteger esses trabalhadores e trabalhadoras. O sindicato, SITETEL, reúne empregados de 19 empresas. Ela afirma que Trump é proprietário de 20 empresas de call-center no Brasil. Falava da dificuldade de organizar nesse ramo. Perguntei como era organizar gente tão jovem e atomizada pelo trabalho. Ela, que tinha uns 40 anos, dizia que era difícil, e que a meninada tem poucas referências fora de sua bolha de consumo. Contou também que trabalhou muitos anos com o Hélio Bicudo e que mais de 3.500 ONGs fecharam no Brasil devido à crise na Europa e nos EUA.
Fizemos uma roda final e decidimos não mais voltar à Paulista e marcar de reunir na Praça da Sé, no domingo próximo. Parece que o PT está chamando paralisação geral nos dias 8 e 9 de março.
Saímos pela avenida em direção ao metrô. Despedi-me de E caminhei um pouco mais em direção à Consolação. Um manifestante solitário empunhava uma faixa, sozinho na via, com os misteriosos dizeres:
“O coronel Osires da aeronáutica orientou na TV: não investigar o incêndio da Kiss”.
Tomei o metrô e fui embora.
13 de fevereiro
Vi na TV do boteco Temer afirmar que afastará ministros denunciados na Lava Jato. A manchete escondia os provisos: não vale delação e só a denúncia formal dos acusados.
Parte da PM volta ao trabalho no Espírito Santo. A crise em si não sumirá. Avaliações narram que o estado é um laboratório do projeto Temer: usar a crise para desmontar o estado. O governador do estado é de feitio privatista e pró-empresário, punitivista em relação a demandas sociais (reprimidas inclusive pela mesmíssima PM).
No Rio, continua o bloqueio de quartéis e o governo acaba de enviar tropas do exército para fazer a segurança.
Repercute a duvidosa proibição pelo governo da publicação pela imprensa de detalhes do processo movido por Marcela Temer contra um hacker. Parece que haveria mensagem comprometedora a Temer no celular de sua esposa. Caiu muito mal o que equivale a censura. Mas o apoio da Folha e do Globo a Temer não diminui.
Saiu no Valor uma pesquisa que acusa a presença daquilo que chama de “saudade” dos tempos de Lula. Nas chamadas classes D e E, existe a lembrança de dias melhores em termos econômicos associado à figura do ex-presidente, mesmo quando a imensa maioria não se opôs ao impeachment.
15 de fevereiro
A Folha de São Paulo publicou editorial onde diz que Gilmar Mendes errou ao barrar Lula de ser alçado ao ministério por Dilma, e que a presente decisão de Celso Mello é correta, preservando Moreira Franco. É de dar muita raiva esse descaramento, pois o começo do fim foi justamente esse episódio, quando os coxinhas saíram às ruas (a Paulista fechada pela PM de ponta a ponta), instados pelas gravações ilegais das conversas telefônicas de Lula e Dilma.
16 de fevereiro
O MTST ocupou a frente da Secretaria da Presidência de República em São Paulo, em frente a estação Consolação do metrô. Muita gente estava lá e eles querem permanecer no local por tempo indeterminado. Boulos foi preso recentemente por Moraes, e o movimento teme ser alvo de repressão. Achei legal eles ocuparem um lugar público.
17 de fevereiro
Saí na estação Consolação para uma visita ao acampamento do MTST. Levei umas garrafas de água e pacotes de biscoito para doar. Eles precisam muito de apoio: água, qualquer alimento, papel higiênico, colchões e cobertores.
Dei um giro pelo lugar. Difícil avaliar quantas pessoas eram sem-teto, já que o número de passantes era muito grande às 16h. Achei que umas 150 pessoas do movimento estavam lá, com barracas na Paulista e também gente nas calçadas da Augusta e em frente ao Conjunto Nacional.
Achei a presença boa, incontornável para o tráfego o local. Muita lona preta, viga de bambu, ambulantes e transeuntes, amontados da Augusta até em frente ao Hotel Meliã.
Uma bandeirona vermelha do MTST cobria a estrutura de vidro que protege a saída do metrô: “Aqui é a periferia revolucionária: fogo no pavio. MTST”. Tinha uma cozinha na esquina com a Augusta, onde deixei a água e biscoitos. Notei que havia 7 pessoas cozinhando, e 3 delas eram homens. No geral, muitas famílias, com jovens mas não crianças. Recorte clássico da militância do MTST. Vi camisetas e bonés da CUT, MST e do próprio MTST. Também uma camisa azul do Corínthians.
Um batuque meio improvisado cantava palavras de ordem quando cheguei: “Temer jamais, estamos nas ruas por direitos sociais”. “A periferia chegou, ôôôô”, “Não tem arrego, ou vem a nossa casa não vai ter sossego”. Além do clássico “Pisa ligeiro, pisa ligeiro, SNPCAFNAOF!”. Cantaram também um versão do Trem das Onze, de Adoniran, além do “Aqui é tudo louco, louco por moradia, quem não conhece a noite fria?”.
Encontrei E, que me falou que ontem teve encontro dos artistas, que planejam marcar uma manifestação para o Teatro Municipal para a semana.
Presença policial discreta do lado, com uma viaturas da Polícia Comunitária, mas forte na entrada da Secretaria.
Ao lado da faixa “MTST Moradia Já”, uma roda de capoeira se formou com umas 50 pessoas, e assistíamos às evoluções daqueles que vinham participar ao centro. Todos batiam palmas e um maluco tinha virado uma lixeira que percutia como tambor. “Levanta povo, cativeiro já acabou”, cantavam.
Uma pequena fanfarra de uns 10 secundaristas se aglomerava na esquina em frente ao Conjunto Nacional. Pareciam ser militantes de partidos e não autonomistas.
Dei um último giro antes de sair ao som de uma cumbia que era irradiada pelo DJ no acampamento. Sorri, tomei um ônibus e fui para casa.
Repercute a decisão da Justiça: usar balas de borracha contra protestos dependerá do “bom critério” da PM de SP. Também o discurso anti-Moraes na outorga do Prêmio Camões, de Raduan Nassar. Houver certo tumulto durante a réplica do Ministro Freire, que ainda soltou um nota muito escrota. STF estuda libertar Cunha para proteger Temer. Revelado que o Planalto pagou youtubers para elogiar a reforma do ensino, inclusive um jovem de discurso ofensivo e anti-democrático.
19 de fevereiro
Estive com T no acampamento do MTST na Paulista. Esta ocupação por tempo indeterminado pode ser a mais significativa ação política do movimento social. Estar na rua em ocupação permanente deveria mobilizar toda a esquerda, ela pode ser uma cabeça de ponte importante nas mobilizações de 2017. No meio da presente incerteza, senti-me seguro ali. Teve assembléia de tarde, mas só fui mais de noite. Tinha muita gente, disse E, que acompanhou pelo streaming.
Deixamos as doações que trouxéramos e desejamos a eles “boa luta”. Notei que hoje tinha muito espaguete empilhado.
Na cozinha acabei conversando com um moço da Zona Leste. Disse que estava passando e veio dar uma olhada. No geral era simpático aos movimentos populares, mas não à política. No correr da conversa, entendi que ele via a imprensa como transparente e portanto aceitava os “indícios” de culpa como suficientes: repetia que o sítio de Atibaia é do Lula, que Dilma foi deposta por corrupção etc.
Saí fora meio desanimado da conversa e olhei em volta. O som do rap tomava o ambiente. Estimei umas 200 pessoas. Jovens e muitas senhoras se misturavam no acampamento. Vi novas barracas, umas 20. Havia um certo ar de carnaval já no ar, muitos adolescentes passando fantasiados.
Vi vários cartazes: “Quer conhecer o nosso movimento e luta? Colabore com a nossa luta e venha lutar conosco”. “Acampamento 001 Temer”, “Residencial no000 Minha Casa Minha Vida. Apoio: Temer MTST”, “Ocupação Anastácio”, “Aceitamos doações MTST”, “Ocupação Esperança Vermelha”. Vi uma bandeira “Copa do Povo” e outra “Faixa de Gaza. Revolucionários do Brasil”..
Vi que o Boulos estava lá, e também L dos JL. Uma mulher falava ao microfone como parte de um debate sobre o feminismo e movimento. Falava da divisão do trabalho e da invisibilização da opressão.
A seguir, no mesmo local, teve uma oficina de dança com várias militantes, incluindo dois homens. Camisetas estavam à venda numa mesa, sob uma faixa que dizia: “Ser intelectual de esquerda é lutar para mudar esta realidade. Frente de Intelectuais de Esquerda, lutando pela democracia no Brasil”.
Vi pessoas com camisetas do PCB, da Frente Povo Sem Medo e do Botafogo. Uma bandeira da UJS. Uma outra camiseta amarela com o desenho de uma galinha: “Frango é meu ovo!”
Um batuque ao lado se formou e várias cirandas e palavras de ordem foram entoadas por ums 60 pessoas.
Eram 18h quando tomamos o metrô e fomos para casa.
Repercute a pesquisa que dá vantagem significativa de Lula em todos os cenários. O PIG não deu grande atenção, mas apareceu de outras formas. Uma delas é a briga entre Reinaldo Azevedo e Joice Hasselman. Mais ou menos representam a briga da direita com a extrema direita. A primeira está numas de normalização e aceitação da blindagem de Temer, chamando seus colegas de “direita xucra”. A segunda segue radicalizada e Morista. As trocas de agressões são constrangedoras e fortes.
Trump /Lula: li sobre essa comparação no Estadão. Os dois descritos como “populistas”, um termo muito em voga nos veículos liberais e de centro. O fenômeno Trump está embaralhando a direita, que fica dividida entre repúdio e apoio, pois ele encerrou o consenso neoliberal e é mais nacionalista, isolacionista e interventor na economia. Para a esquerda, ele claramente é filho da hegemonia neoliberal colapsada. Sanders teria barrado Trump, a esquerda teria barrado o fascismo, mas ela foi atacada como movimento social e partidário. Os movimentos occupy, os sindicatos, ocupações e protestos anti-globalização, que eram os mensageiros da insatisfação que Trump hoje capitaliza, foram duramente reprimidos e dizimados com políticas de flexibilização do trabalho e erosão da solidariedade como valor de organização social.
A revista Veja traz Humberto Costa, deputado do PT que demanda auto-crítica do partido, dizendo que este tem que abandonar a narrativa do golpe e apresentar propostas concretas para ajudar o Brasil. De amargar. O PT e mesmo Lula têm emitido sinais bem ambíguos, ora contra o golpe, ora na linha conciliação e aprovação das reformas. A candidatura do Lula pode bem vir a ser um conchavão-abafa. Deprimente.
O jogo de futebol entre o Atlético e o Coritiba não se realizou. Eles haviam recusado os termos da transmissão da Globo e acertado uma outra transmissão por Youtube. A Federação Paranaense de Futebol não autorizou o juiz a iniciar a partida, e só jogadores se deram as mãos e saíram apludidos pela torcida.
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Ao vivo: À CPI da Covid, Hang nega ter omitido motivo da morte da mãe por Covid e Renan rebate afirmação
BRASÍLIA — O depoimento do empresário bolsonarista Luciano Hang, na manhã desta quarta-feira, tem sido marcado por bate-bocas e muita interrupção por parte dos senadores governistas e da oposição. Por causa das discussões frenquentes ao longo da sessão, o presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), suspendeu a oitivia temporariamente até que o advogado de Hang deixasse a sala. Hang, dono da rede de lojas Havan, é investigado em diferentes linhas de apuração. Por um lado, a comissão questionará Hang sobre o incentivo ao tratamento precoce, que é comprovadamente ineficaz, e ao negacionismo, por questionar a metodologia na contagem do número de mortos e por supostamente financiar blogueiros bolsonaristas propagadores de Fake News.
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Hang terá também que responder a respeito da omissão da causa da morte no atestado de óbito de sua mãe, que morreu vítima do coronavírus após ser medicada com remédios do chamado kit-Covid. Ele ainda deverá ser confrontado com informações da investigação do Ministério Público do Trabalho que mira num suposta pressão para que empregados da Havan votassem em Bolsonaro na eleição de 2018.
Logo no início da sessão, o advogado do empresário lembrou que, apesar de ter sido convocado como testemunha, Hang foi incluído na lista de investigados na comissão. Assim, exerceu o direito de se recusar a assinar o termo em que se comprometeria a dizer a verdade.
A estratégia de Hang é usar o holofote proporcionado pela CPI para antagonizar principalmente com o relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL), um dos principais inimigos do presidente Jair Bolsonaro hoje. Isso foi visto logo na chegada do depoente ao Senado, rodeado de senadores governistas. Ele deu uma declaração de poucos minutos antes do começo da sessão e afirmou que chegou à comissão sem um habeas corpus e pediu para que o deixem falar.
— Com muita tranquilidade, com muita serenidade, com paz e amor no coração, com o peito aberto, sem habeas corpus. É muito importante. Eu acho que quase todo mundo que veio à CPI trouxe um habeas corpus. Desde o princípio eu avisava aos meus advogados: eu não preciso de habeas corpus. Nada melhor do que estar sentado na frente de um delegado, de um juiz, de um promotor, e ter a verdade ao seu lado — disse Hang.
O senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro, está presente na CPI, numa mostra da importância que o governo dá a este depoimento. O parlamentar costuma aparecer apenas a sessões consideradas relevantes para o governo e tem a tendência de incitar confusões para atrapalhar o andamento do colegiado.
No começo do depoimento do empresário bolsonarista, Renan Calheiros reclamou da figura do "bobo da corte" que bajula o rei e desvia a atenção dos reais problemas. Flávio, entre outros senadores governistas, reclamaram que o relator estava ofendendo Hang. A fala gerou bate-boca entre os presentes
Tumultos
O senador Rogério Carvalho (PT-SE) reclamou do comportamento de Hang e disse que ele deveria se ater às perguntas. Ao reclamar novamente do empresário, o senador foi rebatido pelo advogado de Hang. Rogério Carvalho se irritou e pediu sua retirada por entender que ele estava desrespeitando um parlamentar.
Em razão das divergências sobre a ocorrência de ofensa ou não do advogado, o depoente ironizou:
— Chama o VAR. Foi gravado. Volta o vídeo.
Após o início do tumulto, Luciano Hang também mostrou alguns cartazes, como um que diz "não me deixam falar". Omar ordenou que ele os entregasse para a segurança da comissão. O presidente da CPI também determinou que apenas um advogado poderia ficar ao lado de Hang. A sessão acabou sendo suspensa por alguns minutos para acalmar os ânimos.
Antes, Omar Aziz já tinha reclamado de Hang:
— Eu na sua condição, que fica aqui cantando de bom galo, e alguns aqui pegando corda, eu levava minha mãe à lua. Não era à Prevent Senior não. Não venha aqui dar uma de mais honesto. O senhor não é mais honesto do que ninguém aqui. E não é mais trabalhador do que nenhum brasileiro. O senhor gera emprego, mas ganha dinheiro. Agora, quando foi acusado lá atrás de ser sócio dos filhos da Dilma, do Lula, coloca a estátua da liberdade na frente da loja. Esse é o patriota.
Senadores governistas disseram que ele tem liberdade para fazer isso. Em seguida, houve novo bate boca em razão da atuação do advogado de Hang.
A sessão está tumultuada, com várias interrupções, e o relator da CPI conseguiu fazer poucas perguntas. Alguns senadores de oposição, aliados de Omar Aziz na comissão, reclamaram como ele está conduzindo a sessão. Foi o caso de Otto Alencar (PSD-BA) e Jean Paul Prates (PT-RN).
Morte da mãe
Hang reclamou da exploração política da morte da mãe dele:
— É duro para mim ver a morte da minha mãe ser usada politicamente de forma vil e desrespeitosa. Tenho a consciência tranquila de que, como filho, sempre fiz o melhor para ela.
O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), rebateu:
— Na CPI, não usaram sua mãe politicamente. A primeira pessoa a falar que, se tivesse dado medicamentos do tratamento precoce, poderia salvá-la foi o senhor. Eu perdi minha mãe, mas não fui às redes sociais dizer isso ou aquilo.
Na sessão da quarta-feira da semana passada, Renan Calheiros perguntou a Pedro Benedito Batista Junior, diretor da empresa de saúde Prevent Senior, se a mãe de Hang foi internada com Covid-19 em um hospital da rede. Pedro Benedito confirmou que ela foi internada a pedido de Hang, mas disse que não poderia informar a doença sem autorização a família. Em vídeo publicado em rede social após a morte de sua mãe, Hang diz que ela havia chegado ao hospital "assintomática" e com 95% dos pulmões comprometidos. Ele sustenta que a sua mãe poderia ter sido salva se tivesse começado a tomar antes o "kit Covid" sem comprovação científica. A certidão de óbito, porém, não faz menção à doença.
— Um filho que utiliza dessa forma a sua mãe, trata com covid no hospital, com os medicamentos do tratamento precoce. E nós temos comprovação de que ele recomendou a médicos: olha, escondam que a minha mãe foi tratada com cloroquina para não desmerecer a eficácia do plano. Isso é uma coisa macabra, escabrosa, reprovável, repugnante sob qualquer aspecto — disse Renan na quarta passada.
— Filho desalmado, não é? — disse em seguida Otto Alencar (PSD-BA).
Contas no exterior
Em resposta ao relator da CPI, Hang disse que tem três contas no exterior, mas todas foram declaradas à Receita e são auditadas. O presidente da comissão explicou o motivo da pergunta: a CPI tem indícios de que ele usa tais contas para financiar fake news. Renan também questionou se a empresa já recebeu benefício fiscal dos governos federal, estaduais e municipais. Hang rodeou o assunto, mas ao fim disse que sim.
Ele também negou que a empresa tenha sido financiada pela BNDES, com exceção da compra de máquinas pelo Finame, uma linha de financiamento do banco de fomento. Ele afirmou que no ano passado, em razão da crise provocada pela pandemia, pegou empréstimos de bancos privados, como Bradesco, Itaú e Santander, mas não de bancos estatais.
'Não sou negacionista'
O empresário disse não ser negacionista.
— Eu não sou negacionista. Nunca neguei ou duvidei da doença. Tanto que minhas ações pró-saúde não ficaram só no discurso. Mandei 200 cilindros de oxigênio para Manaus, no valor de R$ 1 milhão, respiradores, máscaras, camas, utensílios, ajudamos na reforma de UTI, e destinamos R$ 5 milhões para a área da saúde. Nunca fui contra a vacina. Tanto que disponibilizamos os estacionamentos das nossas megalojas como pontos de vacinação — disse Hang, acrescentando:
— Nunca fiz parte de gabinete paralelo. Nunca financiei fake news.
Ele disse que, até cinco anos atrás, era uma pessoa desconhecida, mas teve que se manifestar para negar boatos de que suas lojas seriam na verdade de filhos dos ex-presidentes petistas Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Para aumentar a ironia, uma das pessoas que propagaram tais boatos na época é a hoje deputada bolsonarista Carla Zambelli (PSL-SP).
'Bobo da corte'
Antes do depoimento, o vice-presidente da comissão, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou que o colegiado vai tratar Hang com respeito e de acordo com o que prevê a lei, mas enfatizou que o empresário também deverá se portar da mesma forma. A CPI não vai tolerar desacato.
— A CPI não tolerará desacato, não tolerará que, na condição de testemunha, se falte com a verdade — afirmou, informando que a presidência da comissão vai utilizar os mecanismos que o inquérito policial dispõe para isso.
Também em entrevista antes da sessão, Renan Calheiros comentou a informação dada pelo próprio Hang de que o empresário tentou entrar com uma algema no Senado, mas o objeto foi barrado.
— Nós já estamos acostumados com esses bobos da corte. Não será o primeiro nem o último — disse Renan.
Defesa do presidente
O líder do governo, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), entregou a Renan um parecer jurídico feito pelo pelo advogado Ives Gandra Martins e outros juristas para que eles opinassem se o presidente Jair Bolsonaro cometeu crimes no enfrentamento à pandemia. Ele afirmou que o teor do texto ainda será divulgado à imprensa.
Na terça-feira, Fernando Bezerra já havia dito que, entre outras coisas, o documento aborda questões como os limites da atuação do governo federal no enfrentamento da pandemia, em razão da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que garantiu a autonomia de estados e municípios para adotar medidas no combate à doença. Bolsonaro já disse várias vezes, de forma incorreta, que teve seus poderes limitados pelo STF. O que a Corte fez foi permitir que os estados e municípios possam enfrentar a pandemia dentro do âmbito de seus poderes sem sofrerem restrições do governo federal.
A lista de possíveis crimes que podem ser atribuídos ao presidente é extensa. A consulta aborda tanto crimes de responsabilidade, quanto os comuns, como, por exemplo, charlatanismo, exercício ilegal da medicina, estelionato, corrupção passiva, advocacia administrativa, e exposição de outras pessoas ao risco em razão de sua participação em eventos públicos com aglomeração. A consulta também trata da responsabilidade de Bolsonaro no colapso do sistema de saúde de Manaus no começo do ano, de negligência ou inoperância na aquisição de vacinas da Pfizer, de atos de improbidade administrativa, e de crimes contra humanidade.
Via: Jornal Extra
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